Inteligência Emocional: O Equilíbrio Entre a Emoção e a Razão
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Inteligência Emocional: O Equilíbrio Entre a Emoção e a Razão

Distrações. Ruídos Internos. Dias cinzentos com muita neblina mental. Sinto que recomecei umas cinco vezes desde que 2020 iniciou.


Foram dias tentando controlar os anseios de quem projeta futuros - ou seja, de quem sofre por antecipação. Planos sendo constantemente revisados, afinal incertezas ainda pairam no ar e o melhor que posso fazer é praticar uma série de detox - de expectativas, principalmente.


Desapegar um pouco - ou muito - daquela lista de metas e afazeres e puxar o freio de mão. Respirar, sabe? Ninguém me convence do contrário, mas esta Pandemia do Novo Coronavírus serviu para dar um puxão de orelha e dizer: Hein, saí desse modo automático e olhe ao seu redor: viva o presente!


Mas não é fácil, não é mesmo? A mente nos leva sempre para outros lugares. E, assim como muitos me encontrei, perdida.

Perdida, pois assim que iniciou o Lockdown na Itália - para quem não sabe moro em Milão - tudo parou. Foram três meses de distanciamento social e devo confessar o desafio não foi cumprir com o distanciamento social, mas sim, assimilar que aqueles 10% que Stephen Covey fala sobre autonomia e responsabilidade foram suficientes para virar a vida de cabeça para baixo.


Principio 90/10


Stephen Covey no seu livro Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes introduz o princípio 90/10. Ele explica que somos responsáveis por 90% das coisas que acontecem em nossas vidas e que em contrapartida os 10% restantes tratam-se de acontecimentos relacionados a situações que simplesmente fogem do nosso controle.


Ele afirma que independentemente do que aconteça o que sempre está sob a nossa tutela é a maneira como reagimos. Ou seja, nós temos a responsabilidade de controlar a maneira como lidamos com as situações. E isto é autorresponsabilidade.


Autorresponsabilidade


Para muitos soa um tanto quanto estranho, mas a verdade é que todas as decisões que tomamos em nossas vidas não se baseiam num processo puramente racional, a emoção também exerce um papel de protagonismo tanto - e às vezes muito mais - quanto a razão. Portanto, não existem decisões “neutras”, isentas das respostas emocionais e, muito menos sem a influência de nossas experiências e cultura sobre elas.


Continuamos sendo agentes das nossas ações e como tais temos responsabilidade sobre elas, ou seja, autorresponsabilidade.

Agora, como fazer isso? Como gerenciar as nossas emoções e pensamentos para que a gente possa atuar de maneira consciente sem nos perdermos para os impulsos? Como tirar a nossa mente do looping errante que muitas vezes nos deparamos? A resposta está na presença e na intenção.



Autoconsciência


Se as nossas decisões são baseadas em nosso estado emocional, e o nosso estado emocional é criado a partir dos nossos pensamentos. Será possível controlar as nossas emoções? A resposta para esta dúvida é: SIM, e para isso precisamos ter uma mente presente. É preciso ter autoconsciência.


Uma mente presente é uma mente conectada no momento e ausente de divagações. Fácil? Nenhum pouco! Segundo estudo feito pelos psicólogos Matthew A. Killingsworth e Daniel T. Gilbert, da Universidade de Harvard o ser humano passa 47% do seu tempo divagando sobre situações que ocorreram e/ou sobre futuros possíveis - aqueles que podem ou não acontecer.


Ser autoconsciente é estar intencionalmente presente nos seus pensamentos.

Você já reparou quantas vezes por dia se encontra completamente identificada com os seus pensamentos? Com aquela voz dentro da sua cabeça? E, outra pergunta : ela é sua mesmo? Vivemos entre bombardeios de pensamentos que geram não somente ansiedade, mas que nos tiram completamente do foco. Eckhart Tolle no livro Um Novo Mundo - O Despertar de uma Nova Consciência, fala:


"O ego não é apenas a mente não observada, a voz na cabeça que finge ser nós, mas também as emoções não observadas que constituem as reações do corpo ao que essa voz diz. A voz na cabeça conta ao corpo uma história em que ele acredita e à qual reage. Essas reações são as emoções. Estas últimas, por sua vez, devolvem energia para os pensamentos que as criaram originalmente. Esse é o círculo vicioso entre emoções e pensamentos não questionados que suscita o pensamento emocional e a invenção de histórias emocionais."

E, isto acontece o tempo todo, com todos nós. Passamos a metade de nossas vidas permeados em momentos que não refletem o momento presente. A boa notícia é que isso tem solução.



Como sair de uma Mente Errante para uma Mente Presente


Vivemos em ansiedade e sentimos o tempo passar por nossos dedos, porque estamos preocupados com situações passadas que não aconteceram da forma como gostaríamos. Imaginamos a resposta certa, o cenário adequado. E, para que? Não temos como voltar e refazer as nossas ações. O que podemos e devemos é: aprender com elas.


Olhar para trás. Estudar o que aconteceu e aprender. Não revisitar a mesma situação várias e várias vezes, buscando detalhes, ângulos, percepções do que poderia ter sido dito ou feito. Qual o propósito disso? Você vai mudar as consequências? Ou vai só trazer mais ansiedade para você mesma? E não estou falando em conformismo ou de não arrependimento. Estou falando em ficar retomando os pensamentos e não tomar uma atitude eficaz a respeito.


E, confiem em mim eu tenho plena convicção de que não é fácil fazer isso. Mas a partir do momento que eu percebo minha mente divagar, eu paro e falo mentalmente: RESPIRA.


Esta é a maneira que resolvi para chamar a minha atenção daquilo que me tira o foco. Eu falo isso e volto minha atenção para o momento presente. Não é simples e não é rápido. Até esse método dar certo levou tempo. É um processo gradual. Uma escolha consciente para cessar a atribulação de uma mente errante.


Agora se não estamos lamentando um passado, mas sim projetando um futuro? Projetar o futuro é ruim? Claro que não! É um exercício positivo e necessário para organizarmos nossas vidas, estipularmos metas e conquistarmos objetivos. Mas você pode honestamente responder quantas vezes você já sofreu por antecipação? Planejou, estruturou mas até chegar o dia D, ficou remoendo os possíveis “E SE...” e isso só te trouxe desgastes, medos e ansiedades? E, pior, o cenário foi totalmente outro do que a sua mente criou?


Cansei de viver presa na idealização e na expectativa de uma situação futura cuja a única responsabilidade que eu tinha era sobre as minhas ações, de resto eu tinha que aguardar a resposta do outro, ou dos outros. Mas, então como resolver isso?


Porque você simplesmente não solta?


As respostas que damos, as direções e decisões que tomamos certamente são de inteira responsabilidade nossa. Mas e aquela outra parcela? A parcela do outro? Aquela relacionada às respostas, direções e decisões que a outra pessoa desta equação toma? São suas? Vale viver antecipando - e digo aqui, constantemente - uma reação que pode ou não acontecer?


É preciso aprender a soltar. É preciso aprender a identificar quando é você que está no comando ou se são as vozes, os vários pensamentos que permeiam a sua mente. Aprender a ir além do pensamento, transcendê-lo e questioná-lo, é fundamental para estar presente e conectado.

Quando entramos nesse processo de identificação com os nossos pensamentos acreditamos que tudo que passa em nossa mente é verdade e que vai acontecer. Mas não é bem assim. Afinal, quantas vezes tudo que você já imaginou aconteceu exatamente da maneira que você pensou? Exatamente mesmo? Sem tirar nem pôr? Não nem foram 90% das vezes, não é mesmo?


Porque os pensamentos, no fim são crenças, nem todos eles chegarão a se transformar em realidade.

Para aprender a lidar com nossos pensamentos, lidar com a nossa mente é necessário estar consciente, presente. Mas não só isso. É preciso fazer uma jornada em busca da autoconsciência.


Inteligência Emocional


No seu livro Inteligência Emocional, Daniel Goleman fala justamente sobre a importância da autoconsciência, de equilibrar a razão e os nossos sentimentos, a fim de diminuir os ruídos internos provocados pelos pensamentos e emoções negativas. Essa auto gestão é responsável por neutralizar crenças limitantes, permitindo com que a gente inclusive altere as nossas autopercepções.


A Inteligência Emocional é uma habilidade que nos permite não só identificar e gerenciar as nossas emoções, mas ela permite que façamos o mesmo com as relações que mantemos - aqui leia-se tanto as de âmbito pessoal quanto profissional.


Desenvolvendo a Inteligência Emocional ficamos mais conectados, presentes e certamente nos transformamos em melhores gestores de nossas próprias vidas.



Como Desenvolver a Inteligência Emocional


Desde que me mudei para Milão decidi que tiraria um ano sabático para uma jornada de autoconhecimento. Sem ele eu sabia que não conseguiria enxergar a fotografia completa do que eu quero para o meu futuro. Não iria reconhecer ou sequer validar as minhas habilidades, conhecimentos, conquistas e o principal, não iria me aprofundar justamente onde preciso melhorar.


Com o autoconhecimento comecei a ter um olhar mais generoso comigo mesma, porém introduzindo uma auto crítica sensata, sem ser aquela que julga e diminui.

Comecei a identificar as minhas emoções e suas origens para não somente aprender a lidar com as negativas, mas para potencializar as positivas também. Aprendi sobre resiliência e entendi que todo esse processo é fundamental para aprimorar ainda mais a minha Inteligência Emocional.


Percebi que no fim todas essas mudanças que busco devem sempre começar de dentro para fora. Internalizando um olhar para o EU, abrindo um espaço para uma escuta ativa e separando as vozes e os pensamentos para que eu possa enxergar com mais clareza e assim gerir com mais eficácia a minha vida.


Então, se eu puder te dar uma dica seria esta: comece pelo autoconhecimento. Voltando o olhar para si, observando seus comportamentos, refletindo sobre eles. Sem julgamentos e com honestidade. Porque se você ainda não começou esta prática chegou a hora de iniciá-la, afinal não se esqueça que a relação mais longa que você terá na vida será com aquela imagem que reflete no espelho.


Neste despertar não tem certo ou errado.

Eu sei, ficamos com receio de não sermos boas, queremos muitas vezes negar aquelas nossas partes reconhecidas como sombrias. Medo das máscaras caírem. Mas não esqueçamos somos seres humanos, dualistas. Onde existe luz, existe escuridão. E, esta OK. Não somos perfeitos e sequer precisamos ser. Porque, ninguém de fato é.


O que na vitrine esta exposto permite várias interpretações.

Portanto, permita-se conectar com você mesma. Abrace todos os seus ângulos, reconheça todas as suas partes. Você pode ter certeza que no momento em que se permitir despertar para si portas irão se abrir para novos começos!



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